A década de 1930 e o surgimento da análise sociológica brasileira
Geração de 30
A sociologia, como atividade voltada para o conhecimento sistemático da sociedade, só aparece na década de 30 com a fundação da Universidade de São Paulo, embora o pensamento sociológico já exista no Brasil desde o final do século XIX, desenvolvido por Euclídes da Cunha em sua obra Os Sertões e nas idéias abolicionistas e republicanas.
Nessa época uma das preocupações em geral dos intelectuais era o interesse da descoberta do Brasil verdadeiro, contradizendo aquela visão etnocêntrica dos europeus. Buscavam também desenvolver e modernizar a estrutura social brasileira.
Os intelectuais desse período ficaram conhecidos como geração de 30, dentre eles podemos destacar:
Gilberto Freire
Gilberto de Melo Freire nasceu em Recife-PE em 1900. Sua obra representou um divisor de águas na evolução cultural do Brasil e contribuiu para que o país encarasse com mais confiança seu papel no mundo moderno.
Fez sua pós-graduação nas universidades norte-americanas de Baylor (Waco, Texas) e Colúmbia (Nova York) onde esteve sob a influência de Frans Boas. Ao término do curso apresentou em 1922 a tese: Social live in Brazil in the middle of 19th century (A vida social no Brasil em meados do século XIX), que mais tarde se transformaria em seu famoso livro Casa-Grande & Senzala, publicado em 1932, tendo um impacto tão grande quanto Os Sertões de Euclides da Cunha. Nesta obra, Freire imprime sua visão poderosa e original dos fundamentos da sociedade brasileira, descreve com objetividade a contribuição do negro e o fenômeno da miscigenação na formação social do Brasil.
1.2- Caio Prado Júnior
Caio Prado vinha de uma das famílias mais ricas e conceituadas do Brasil naquela época. Ele procurava formalizar o método marxista para análise da realidade brasileira. Em seu livro Evolução política do Brasil (1933) interpretava a situação político-colonial brasileira a partir das relações internacionais capitalistas e seu mecanismo comercial, desde a expansão marítima européia.
Depois de uma viagem a União Soviética, em 1938, ele publicou, URSS: um novo mundo, desde então se torna militante de esquerda, assumindo a presidência da Aliança Nacional Libertadora, em São Paulo, motivo este de sua prisão e exílio (1935-1939). Ao voltar ao Brasil, publicou mais duas obras de grande repercussão nacional, Formação do Brasil Contemporâneo (1942) e Historia Econômica do Brasil (1945).
1.3- Plínio Salgado
Destacou-se pelo seu integralismo, com um movimento nacionalista, anticomunista, antiliberal e anti-semita. Via com desconfiança não só o movimento modernizador da sociedade, mas como também o liberalismo e o marxismo.
Depois de uma viagem a Itália em 1930 onde conheceu Mussolini, voltou decidido a fundar um movimento fascista no Brasil. Já em 1932 publica o Manifesto de Outubro e participa da fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB) que seria o meio de compatibilizar os aspectos dicotômicos da sociedade brasileira que, segundo ele, era estreitamente dualista.
1.4- Fernando de Azevedo
Mineiro de São Gonçalo de Sapucaí, em São Paulo, participa da fundação da Universidade de São Paulo, que, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ocupou a cadeira de Sociologia e foi diretor da mesma.
Antes na década de 20 foi responsável pela reforma do ensino no país a partir de experiências feitas no Rio de Janeiro e no Ceará. Ao mesmo tempo aristocrata e humanista, unia os anseios liberais e moderadamente socialistas. Em sua principal obra, A cultura brasileira, retoma a tese de uma unidade nacional baseada em diferenças regionais, culturais e éticas.
Sérgio Buarque de Hollanda
Inspirando-se na tese de Ribeiro Couto, que identificava o brasileiro como “homem cordial”, Sérgio realizou uma pesquisa de primeira mão, na intenção de negligenciar a interpretação dos fatos. Foi nessa documentação que ele se baseou para editar, em 1936, uma de suas principais obras, Raízes do Brasil, a qual o tornou autoridade internacionalmente reconhecida sobre assuntos do Brasil colônia.
Foi um dos pioneiros a utilizar na análise histórica brasileira o método tipológico de Marx Weber.
Em sua obra, Visão do paraíso (1959) consegue pela primeira vez intervir na visão estereotipada que os europeus tinham do Brasil.
Atividade:
Faça um esquema dos autores da geração de 30 destacando: (Publique em seu blog)
• Autor e a relevância de suas obras.
Fundação da Escola Livre de Sociologia e Política e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
A sociologia, como atividade autônoma voltada para o conhecimento sistemático e metódico da sociedade, só vem aparecer no Brasil na década de 30 com a fundação da Escola Livre de Sociologia e Política, que sofria forte influência norte-americana. E também da Universidade de São Paulo com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que se dedicava a estudos orientados pela sociologia européia, em destaque a francesa.
Ambas tiveram lecionando em seus âmbitos acadêmicos, professores vindos do exterior para a formação profissional de vários cientistas sociais. Na USP esteve no corpo docente a chamada “missão francesa” Lévi-Strauss, Georges Gurvitch, Roger Bastide, Paul Arbousse-Bastide, Fernand Braudel, entre outros. Já para Escola Livre de Sociologia e Política vieram Donald Pierson e Radcliffe-Brown, trazendo toda metodologia sociológica norte americana.
Foi de imensa importância a vinda desses intelectuais ao Brasil, que gerou um grupo de sociólogos que passaram a desenvolver todo conhecimento adquirido em pesquisas já no fim da década de 40, entre eles Maria Isaura Pereira de Queiroz, Ruy Galvão de Andrada Coelho, Florestan Fernandes, Antonio de Mello e Souza e Gilda de Mello e Souza, entre outros.
Década de 40
Esse foi um dos momentos mais críticos da história da humanidade, pois acontecia a Segunda Grande Guerra Mundial, que consolidou os EUA e a URSS como duas potencias mundiais opostas, tornando o mundo bipolar.
Nessa época, o Brasil adquiria uma consciência crítica de sua realidade, complexidade e particularidade. Onde se buscava o nacionalismo. Portanto, integração e mudanças eram temas recorrentes na sociologia do pós-guerra.
Não só o Brasil, mas diversos países latino-americanos receberam “cronistas viajantes”, assim descritos por Octávio Ianni, que nada mais eram do que intelectuais estrangeiros, que fugindo da guerra na Europa, procuravam estruturas sociais diferentes, sociedades que, por sua diversidade, poderiam realizar uma linha de raciocínio diferente daquela já conhecida.
Emílio Willems tem uma grande importância nessa época, devido à sua obra, Assimilação e populações marginais no Brasil, um estudo sociológico sobre a contribuição dos imigrantes germânicos e seus descendentes na história brasileira, que destaca situações de estudo brasileiras. Mas este interesse não se resumiu somente a ele, haviam também muitos jovens sociólogos interessados em avaliar a mobilidade social de diferentes grupos étnicos como negros, brancos, migrantes, imigrantes de diferentes nacionalidades, alemães, libaneses, japoneses, italianos.
Ele também teve grande importância na sociologia brasileira, junto com Romano Barreto fundaram a revista Sociologia, que exerceu um papel importantíssimo na divulgação da Sociologia alemã, já que traduzia os artigos dos sociólogos alemães para a Revista, dedicando-se especialmente a obra de seu professor, Richard Thurnwald.
Atividade: (Publique em seu blog)
Faça um esquema dos autores da geração de 40 destacando:
• Autor e a relevância de suas obras.
3. A sociologia brasileira na década de 50
A segunda guerra mundial trouxe profundas desestruturações na sociologia mundial. Diversos intelectuais europeus migraram para a América em busca de novos ares para produzirem suas obras. Esses “cronistas viajantes” efervesceram o cenário sociológico, pois acharam aqui um panorama totalmente diferente da realidade de onde viviam.
Esse período foi de grande importância para o desenvolvimento das ciências da sociedade, pois temas sócio-econômicos eram explorados por pensadores que tem uma grande repercussão até os dias de hoje, são eles: Florestan Fernandes e Celso Furtado.
3.1- Florestan Fernandes
Florestan Fernandes estudou na USP, onde teve grande influencia de Roger Bastide, que desenvolveram em parceria um estudo sobre negros e a questão racial no Brasil, que originou umas de suas mais prestigiadas obras, A integração do negro na sociedade de classes.
Florestan pregava a “sociologia militante”, que visava unir a teoria com a prática, logo, teve uma grande influência de Marx, a busca em conciliar a teoria e a ação prática foi uma grande marca em sua vida. Ele entendia que a sociedade devia ser estudada pelos fundamentos de sua organização e ocorrências históricas, os dilemas ressaltados, motivo de sua concepção de análise, que por muitos foi definida como “histórico-cultural”. Na visão florestaniana a sociedade brasileira, por ter uma formação histórica peculiar, exigia uma abordagem com traços nítidos e definidos no estudo das relações sociais.
Dentre suas diversas obras podem destacar: A integração do negro na sociedade de classes; A revolução burguesa no Brasil; Fundamentos empíricos da explicação sociológica; e A sociologia numa era de revolução social.
3.2- Celso Furtado
Um dos grandes nomes do pensamento econômico, não só do Brasil, mas como em toda a America Latina, sem duvida foi Celso Furtado. Desenvolveu diversos trabalhos na área econômica, principalmente em parceria com a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), criando assim a escola “cepaliana”. É considerado o pai da economia política brasileira. Antes dele, o pensamento econômico brasileiro era formado por esquemas interpretativos, como o estabelecimento dos preços e a lei da oferta e da procura, as quais defendiam o interesse das classes dominantes.
Porém, Furtado vem desmistificar toda essa ideologia, propondo uma interpretação histórica da realidade econômica. Defendia que o subdesenvolvimento não correspondia a uma etapa histórica, mais sim de formação econômica influenciada pelo capitalismo internacional, analisava situações de países onde havia um notável desenvolvimento industrial e o estágio agrário não tinha sido superado, como o caso da maioria dos países latino-americanos.
Durante o governo de Goulart, Celso Furtado exerceu celebre trabalho como diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento (atual BNDES) e da SUDENE, este no governo de Juscelino Kubistchek. Nessa época, Furtado era visto como o principal defensor dos interesses do Brasil diante do capitalismo internacional.
Suas principais obras são Desenvolvimento e Subdesenvolvimento, livro que se amplia em volume posterior; Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico; Um projeto para o Brasil; A pré-revolução brasileira; O Mito do Desenvolvimento Econômico, que ele levanta duas questões, a primeira delas diz respeito aos impactos do processo econômico no meio físico, na natureza – um tema completamente alheio ao núcleo do pensamento tradicional na economia – e a segunda se refere à constatação do caráter de mito moderno do desenvolvimento econômico. Porém, seu clássico é, Formação Econômica do Brasil, obra esta que faz um estudo amplo e inédito da realidade histórica econômica do Brasil, do tempo da colonização portuguesa aos dias atuais, e claros em relação à época em que ela foi escrita.
Atividade: (Publique em seu blog)
Faça um esquema dos autores da geração de 50 destacando:
4. Ditadura Militar
Na década de 60, a sociologia se preocupou com o processo de industrialização do país, com as questões de reforma agrária e dos movimentos sociais na cidade e no campo. A partir de 1964, o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas sócio-políticos e econômicos, originados pela tensão de se viver em um país cuja forma de poder é o regime militar.
Surgiu nessa época também a Teoria da Libertação – conhecida também como Teologia da Libertação – onde parte da igreja católica passou a disseminar o pensamento libertário, ou seja, contra a opressão de uns sobre os outros. Nessa época, no Brasil, em que os militantes católicos se aproximaram dos movimentos no campo, surge a Comissão Pastoral da Terra, entidade que está na origem do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Essa mudança surgiu na metade da década de 50, configurando-se plenamente de 1960 em diante.
Outra questão diz respeito à abolição do Estatuto da Estabilidade, que até o ano de 1966 regeu a relação social de contrato de compra e venda da força de trabalho e foi substituído pela sistemática do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS. A consideração do caráter despótico do poder imediato do capital sobre o trabalho levou a problematizar duas tomadas de posições na produção de conhecimento existente, particularmente na área de Sociologia Industrial e do Trabalho.
A primeira é a consideração de relações de trabalho de dominação / subordinação de cunho patrimonialista na indústria brasileira.
A segunda é sobre o caráter integração / ajustamento / adaptação do trabalhador na empresa industrial.
Na década de 60, os estudos sobre a formação do moderno operariado fabril no Brasil e América Latina, centravam-se em alguns binômios representativos: industrialização / urbanização; moderno / tradicional; migração rural / urbana; mobilidade social / acesso aos bens materiais e simbólicos da sociedade moderna e meio urbano-industrial / baixa organização sindical dos trabalhadores.
A classe operária foi-se transformando, perdendo determinações e finalidades diante da sociedade, da humanidade e da natureza, recuperando experiências, cultura e cotidianidade que permitem o estudo de sua multiplicidade, fora dos limites de sua representatividade externo-organizativa e também do chamado “chão de fábrica”, das tecnologias, dos processos.
As relações sociais no mundo do trabalho passam a ser analisadas em conjunto ao mundo da vida, onde fatores como família e redes de sociabilidade informais demonstram possuir um peso antes desconsiderado. A classe com o sujeito e as várias faces nos indivíduos que a compõem: homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, com seus projetos e perspectivas.
A análise dessas práticas permite compreender os sentidos atribuídos pelos trabalhadores às suas condições de existência e à construção de identidades sociais.
Azevedo (1951), enfocando a fase de introdução do ensino da Sociologia em escolas do País, argumentava que a origem da consolidação da Sociologia como disciplina deve ser procurada não em uma única causa determinante, mas em múltiplas causas que estão estreitamente ligadas, sendo possível distingui-las unicamente para fins analíticos. A multiplicidade de fatores decorrentes dos contatos, conflitos e acomodações de povos e culturas diversas; o contraste entre as sociedades em mudança e as culturas de folk remanescentes em toda a vasta extensão territorial; a variedade de paisagens culturais e a contemporaneidade ou justaposição nas realidades concretas, de séculos ou de “camadas históricas”, deveriam certamente sacudir a atenção e despertar o interesse pelo estudo científico dessas realidades sociais vivas e atuais.
5. O PERÍODO DA SOCIOLOGIA CIENTÍFICA
O início do período da Sociologia Contemporânea corresponde à fase de emergência da Sociologia Científica, que buscava, sob a égide do paradigma estrutural-funcionalista, a consecução de um padrão de institucionalização e prática do ensino e da pesquisa em sociologia, similar ao dos centros sociológicos dos países centrais. A concepção de desenvolvimento desta abordagem teve sua expressão na Teoria da Modernização e em sua análise do processo de transição da sociedade tradicional para a sociedade moderna.
Os anos 50 foram marcados também pelo surgimento da proposta de uma “Sociologia Autêntica”, nacionalista, que buscava contribuir para o processo de libertação nacional e que tem na obra de Guerreiro Ramos (1957 e 1965) sua referência principal. Teoricamente, a controvérsia entre Guerreiro Ramos e Florestan Fernandes dominou a cena da comunidade sociológica brasileira durante esse período, tendo por fator central a questão da particularidade e ou universalidade do conhecimento social produzindo no Brasil. A Teoria da Modernização concebe o processo de desenvolvimento como uma transição de uma sociedade rural tradicional para uma sociedade industrial moderna (Germani, 1969).
A “Sociologia Científica”, caracterizada pela “adoção dos princípios básicos do conhecimento científico em geral, embora tenha suas próprias especificidades”, assim como pelo “desenvolvimento de procedimentos de pesquisa extremamente refinados e muito mais poderosos do que os previamente utilizados”. As conseqüências disso são uma “tecnificação crescente da Sociologia, dada à estandardização dos procedimentos de pesquisa, o uso generalizado de instrumentos selecionados de pesquisa, a ‘rotinização’ e coletivização das atividades, a necessidade crescente de recursos financeiros, espaços físicos e equipamentos, e de pessoal técnico e administrativo” (Germani, 1964).
O Período de crise e diversificação da Sociologia Brasileira, em fins dos anos 50 e início dos anos 60, foi resultado de uma crítica marxista e implicou numa crescente diferenciação paradigmática que foi potencializada, já no decorrer do período de crise e diversificação da Sociologia brasileira, pelos eventos político-culturais dos períodos 1964/1968 e 1969/1974. Essa crítica marxista nos países latino-americanos levou a uma série de desastres político-militares como, no Brasil, a derrota da guerrilha urbana e a morte dos líderes guerrilheiros como Marighella e Lamarca, e a derrota da guerrilha do Araguaia. O impacto negativo da instauração do regime autoritário sobre a evolução sociológica brasileira está relacionado diretamente com o golpe de 64 e com o “golpe dentro do golpe” de 1968, que teve no AI-5 seu marco principal. O fechamento do Instituto Superior de Estudos Brasileiros - ISEB, em 1964, os inquéritos policiais as cassações pareciam indicar que as Ciências Sociais brasileiras estavam entrando em um período recessivo. Porém, houve uma expansão que teve seu centro de gravitação nos cursos de pós-graduação, que foram criados e consolidados como centros de ensino e pesquisa, particularmente após a Reforma Universitária de1969, e teve por contraponto a criação e as atividades de centros privados de pesquisa tais como o CEBRAP, o CEDEC, e o IDESP (Sorj e Mitre, 1985).
Sorj e Mitre indicam que nos primeiros anos do regime militar, no período que se estende entre 1964 e 1969, os prognósticos pessimistas pareciam confirmar-se. As cassações de professores universitários logo depois do golpe, e posteriormente, com impacto ainda maior, que se seguiram ao AI-5, levou a pensar que as Ciências Sociais entrariam em recesso no Brasil. Neste mesmo período foi aplicada a reforma universitária, que, com a assessoria americana, encontra com a vontade da comunidade acadêmica. Embora fossem importantes, esses fenômenos não chegaram a abalar fundamentalmente o futuro desenvolvimento das Ciências Sociais, ainda que certos centros universitários como a USP e UFRJ possam ter sofrido individualmente um impacto maior. Isto, em primeiro lugar, porque um número importante de cientistas sociais cassados, permaneceram no país, inclusive auto-organizados em centros como o CEBRAP, e em segundo lugar, nenhuma instituição chegou a ser fechada ou mesmo esvaziada.
Principais autores:
GOFFMAN
Os trabalhos de Goffman começam a ser mais conhecidos e influenciar a sociologia no Brasil em meados dos anos 60. As Ciências Sociais no país tinham, na época, como referências principais o marxismo e o estruturalismo, com suas diferentes versões e facções. O nacionalismo antiimperialista e o próprio regime militar, com as radicalizações a ele associadas, não constituíam, propriamente, um estímulo à divulgação de autores norte-americanos, principalmente quando não ligados de modo nítido a uma preocupação de análise mais ampla de processos sócio-históricos. Mas nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, e mesmo no período imediato que o precedeu, houve uma forte tendência de rejeição à produção norte-americana, classificada de empirista e pouco sofisticada.
No entanto, já mais perto do final da década de 60, o crescente interesse por uma análise política do cotidiano permite uma abertura maior em relação a estudos classificados, às vezes de forma um tanto pejorativa, como “micro”.
É dentro desse quadro que, sobretudo antropólogos e profissionais da área, passam a se interessar por Goffman. Embora com certo atraso, começam a serem publicados alguns de seus textos, A Representação do Eu na Vida Cotidiana (1959/1975); Manicômios, Prisões e Conventos (196/1974) e Estigma (1963/1975) são lançados por editoras diferentes com boa receptividade. A Representação do Eu e Estigma foram publicados em coleções dirigidas por antropólogos, Roberto Da Matta e Castro Faria.
LUIZ PEREIRA
Nascido em 1933 e falecido em 1985, o autor teve sua formação acadêmica, desde a graduação até o Doutorado, na Universidade de São Paulo. No período entre 1955 e 1958, concluiu o Bacharelado e a Licenciatura em Pedagogia, os títulos de Mestre em Sociologia e Doutor em Ciências Sociais foram obtidos no início da década de 60, ambos sob a orientação de Florestan Fernandes. A obra de Luiz Pereira pode ser organizada a partir de sua recorrência a três temas:
- Dimensão educacional dos processos sociais;
- Processo de desenvolvimento;
- Diversas faces do modo de produção capitalista no Brasil.
O primeiro tema corresponde ao momento inicial de sua produção acadêmica, compreendendo o período entre 1960 e 1967. São dessa época os seus primeiros estudos em Sociologia da Educação, como matéria de estudos acadêmicos e objeto de investigação.
O processo de desenvolvimento social como objeto de suas investigações sociológicas correspondeu ao segundo período de sua obra, iniciado no final dos anos 60.
6. REDEMOCRATIZAÇÃO
Com a abertura política nos anos 80 o país busca retomar sua identidade social. Durante o regime militar, muitos intelectuais foram aposentados e impedidos de lecionar, outros foram exilados ou se exilaram por espontânea vontade, passando a publicar suas obras no exterior ou de forma independente.
Com fim do bipartidarismo, agora pluripartidário, grande número de intelectuais decide deixar a cátedra para ingressar na política.
Darcy Ribeiro, por exemplo, filia-se ao PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) este de Getulio Vargas, que reivindicava o nacionalismo e o populismo, mudando posteriormente para o atual PDT (Partido Democrático Brasileiro). Outros nomes da sociologia ajudaram a fundar o PSDB (Partido da Social-Democracia Brasileiro) como Fernando Henrique Cardoso, este assumindo a Presidência da Republica em 1994, sendo o primeiro sociólogo na historia brasileira a assumir tal cargo.
Entretanto, o partido que mais se beneficiou com essa nova atuação dos cientistas sociais foi o PT (Partido dos Trabalhadores). Nomes como Florestan Fernandes, Antonio Candido, Mello e Souza e Francisco Weffort, foram alguns que engajaram na luta política do PT.
Esse engajamento de intelectuais foi de imensa importância para o período histórico que o país vivia, uma vez que, tratava-se de uma integração das teorias sociais e práticas políticas, o resultado dessa parceria viria em 1988, quando foi promulgada a nova Constituição Federal do Brasil e a sétima em vigor. Porém a única com o emblema de “Constituição Cidadã”, como descrita por Ulysses Guimarães.
Percebe-se também, nessa época, uma grande diversificação nas Ciências Sociais em nosso país, ressalta-se, que o Brasil sempre foi um campo fértil para as Ciências Sociais, devido a toda sua história. Porém, no período em que nos referimos à multiplicidade dos campos de estudo, destaca-se em especial a Sociologia, em que surgem diversos estudos e análises sobre a questão feminina, do menor de idade, das favelas, das artes, da violência urbana e rural, entre tantos outros.
A Sociologia torna-se cada vez mais interdisciplinar e plural no Brasil, os sociólogos buscam redefinir seus conceitos de interdependência em um mundo cada vez mais globalizado.
Nesse contexto, não poderíamos deixa de falar de Fernando Henrique Cardoso, Rio de Janeiro – RJ, 18/04/1931. Em 1949, começou a estudar Sociologia na USP, onde lecionaria quatro anos mais tarde. Com o golpe de 64 exilou-se no Chile e na argentina. Trabalhou como professor em diversas instituições pelo mundo, como na Universidade de Nantere e na Faculdade de Ciências Sociais de Santiago, no Chile. Foi também nomeado diretor-adjunto do Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica Social.
Em seus estudos sociológicos, pesquisou a evolução social da America Latina e analisou a dependência dos países subdesenvolvidos no sistema internacional de produção e comércio, descrito com clareza em suas obras: Dependência e Desenvolvimento na America Latina (1964), escrita em parceria de Enzo Faleto, e Política e Desenvolvimento em Sociedades Dependentes: ideologias do empresariado industrial argentino e brasileiro. Nesta fase, se destina a sociologia do desenvolvimento, porém, ele também se aprofundou na Sociologia Política. Em 1994 foi eleito Presidente de Republica, reelegendo-se em 1998.
7. SOCIOLOGIA NOS DIAS ATUAIS
Nos dias atuais, a sociologia busca cada vez mais sua posição perante as Ciências Sociais, buscando novos rumos e metodologias que se encaixem nos novos temas recorrentes na mudança de século.
Um grande marco na atualidade é o retorno da sociologia na Matriz Curricular, em escolas do Ensino Médio. Uma grande conquista da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Federal n. 9394/96 e recentemente a Lei federal n. 11.684/08, pois tempos atrás os sociólogos eram perseguidos pela ditadura militar, também é um grande salto se levarmos em conta que a sociedade brasileira esta “engatinhando” em busca de uma real democracia.
A sociologia do século XXI torna-se cada vez mais interdisciplinar e plural, diversificando sua atuação, pois ocorre cada vez mais uma grande multiplicação nos seus objetos de estudos, tornado-se, cada vez mais uma ciência complexa. Para a realidade brasileira ela tem uma particularidade, pois, mesmo vindo a aparecer como método científico sistemático, no Brasil, somente na década de 30, o pensamento sociológico sempre existiu, tanto nas idéias abolicionistas como nas republicanas, o losango em nossa bandeira é símbolo do positivismo europeu trazido por estes idealizadores no final do século XIX.
O estudo da particularidade da sociedade brasileira sempre foi meta de estudo dos sociólogos, pois, o Brasil é um caso à parte estudado pela sociologia e este trabalho tem o intuito de compreensão dessa realidade vivida.
A Sociologia no Estado de Mato Grosso do Sul
No estado de Mato Grosso do Sul, temos uma série de publicações relacionadas aos estudos de aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais da região, inclusive, remetendo ao tempo anterior à divisão do estado de Mato Grosso. Temos muitas publicações de sociólogos, porém, conhecidas e reconhecidas somente no âmbito das universidades, que escreveram e ou escrevem sobre o tema proposto, temos também publicações de historiadores e pessoas comprometidas com o nosso estado, e que se preocupam em manter registrados diversos aspectos importantes.
Portanto, podemos dizer que apresentamos produções especificamente sociológicas sobre o estado e não podemos descartar ou deixar de lado muitas produções que temos sobre aspectos relevantes de nossa sociedade, e que devem ser conhecidos, estudados e divulgados, na intenção de conhecermos melhor a sociedade em que vivemos.
Temos muitos filmes, livros, textos, teses de mestrado e doutorado, entre outras publicações, relacionados abaixo, e que apresentam fatos pouco conhecidos e que merecem ter seu reconhecimento por parte de todos nós, além de bibliografia recomendadas para trabalharmos a temática sobre a sociologia no estado de Mato Grosso do Sul.
Lembramos ainda, que as referências bibliográficas sugeridas são informações que representam o início de um trabalho sociológico a ser realizado com os estudantes na escola, e que, necessitamos que sejam feitas pesquisas, possibilitando o melhor conhecimento das publicações e posterior compreensão e entendimento da realidade local.
Aspectos sócio-econômicos e culturais de Mato Grosso do Sul
Uma trajetória divisionista
A criação do Estado de Mato Grosso do Sul é resultado de um longo movimento, com características sócio–econômicas, políticas e culturais, que permeou sua formação histórica recente. A resistência sul-mato-grossense é uma das peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul desde os primeiros tempos de conquista espanhola, depois luso-brasileira. Em cada período histórico e resistência sul-mato-grossense aparece com uma conotação.
O movimento divisionista no Sul de Mato Grosso tem sua origem nos fins do século XIX, 1889, quando alguns políticos corumbaenses divulgam um manifesto, no qual propunham a transferência da capital de Mato Grosso para Corumbá. A atitude desses políticos não se tornou vitoriosa, mas, mostrou que essa tímida ação política permitiu marcar o início de uma longa história de lutas e revezes.
Alguns fatores como a sistematização da pecuária, o desenvolvimento sócio-econômico das vilas e cidades, a exploração da erva-mate pela Companhia Matte Laranjeira e a ligação entre o Sul de Mato Grosso e São Paulo, marcaram a origem do movimento divisionista.
O movimento divisionista pode ser dividido em quatro grandes fases que acompanham a evolução histórica do Estado no período republicano. A primeira fase, de 1889-1930, é marcada pela formação das oligarquias sul-mato-grossense que lutam pelo reconhecimento da posse da terra, fazendo oposição aos privilégios da Companhia Matte Laranjeira. É nessas lutas, que, nos ervais e Campos de Vacaria, se manifesta à idéia divisionista. As oligarquias sulinas, nas lutas políticas, uniram-se, nas primeiras décadas da República Velha, às oligarquias de Cuiabá, adversárias da Companhia Matte Laranjeira e que tinham interesses nos ervais. Através dessa aliança as oligarquias sul-mato-grossenses fizeram oposição armada ao governo estadual e a Matte Laranjeira. Inicialmente, o movimento divisionista não tem um plano, um programa político definido, os objetivos divisionista quase sempre se confundiam com interesses pessoais do coronel. Percebe-se, neste período, que era elite, formada pelos fazendeiros que defendiam a idéia divisionista.
A partir de 1920, com a transferência do comando da Circunscrição Militar para Campo Grande, e o aumento do contingente militar no Sul de Mato Grosso, as oligarquias sulinas decepcionadas com as antigas alianças, aliam-se ao militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local. A este fator é somada a regularização das viagens ferroviárias que propiciaram a chegada de novos migrantes e a dinamização da economia sul-mato-grossense. Outro reflexo das viagens ferroviárias é a vinculação do sul de Mato Grosso com a economia paulista e o conseqüente desenvolvimento das cidades exportadoras de gado, particularmente Campo Grande, e a transferência do eixo econômico Cuiabá, Corumbá, Rio Paraguai para Campo Grande. Esta transferência possibilita a formação de novas lideranças políticas ligadas ao comércio e a outras atividades profissionais, e um crescimento demográfico na região sul-mato-grossense. Esse quadro, de novos fatores de ordem sócio-econômica e política, traz significativas mudanças no movimento divisionista, o qual extrapola ervais e atingem as cidades exportadoras de gado, particularmente Campo Grande. É o início da urbanização do movimento.
A Segunda fase, de 1930-1945, é o período em que o movimento começa a organizar-se; as lutas armadas, gradativamente, são substituídas por pressões políticas junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossenses aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. Neste confronto armado liderado por Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e Comandante Geral das tropas rebeldes instalada no sul de Mato Grosso num governo dissidente para o qual nomeia Vespasiano Martins. Após três meses de governo e de luta, os divisionistas e constitucionalistas são derrotados, e o novo Estado desaparece. Essa revolução serviu para divulgar a idéia divisionistas e Campo Grande torna-se o centro político de difusão do movimento.
Dois anos depois, 1934, o Congresso Nacional reunia-se para elaborar uma nova Constituição. Jovens estudantes fundam a Liga Sul-Mato-Grossense que, inicialmente objetiva angariar apoio dos sul-mato-grossenses para o manifesto que seria encaminhado ao Presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga desencadeia a campanha divisionista no sul de Mato Grosso, coletando Treze Mil assinaturas, com as quais visava sensibilizar o governo federal, particularmente os Constituintes, para que eles, na elaboração da Constituição, aprovassem a divisão do Estado de Mato Grosso. Após a promulgação da Constituição, os divisionistas são derrotados, e Getúlio Vargas adota a política nacionalista “Marcha para o Oeste”, a qual visava, entre outros objetivos, a segurança das fronteiras. Para isso mandou instalar novas unidades militares no Sul de Mato Grosso.
O aumento do contingente militar efetivou outros objetivos do governo que era a manutenção da ordem e progresso dessa região fronteiriça. Os divisionistas são envolvidos pela política de Vargas; a Companhia Matte Laranjeira adapta-se a essa política e altera sua estratégia em relação à unidade estadual. Ou seja, os ervais estavam devastados e também a política do Instituto Brasileiro do Matte, criado por Getúlio Vargas, não lhe favoreciam grandes lucros. Por isso ela permite que o governo estadual regularize as posses de terras dos moradores dos ervais, em troca de indenizações sobre os arrendamentos.
Em 1943, Getúlio Vargas, em nome da segurança das fronteiras cria o Território de Ponta Porã, o qual deixa de fora, da nova unidade, Campo Grande a principal cidade divisionista. A Criação do Território de Ponta Porã não atendeu aos interesses divisionistas, não satisfaz a política da Companhia Matte Laranjeira, e também não agradou ao governo estadual. Nesse período, o Sul de Mato Grosso é marcado por grandes prosperidades, a qual não era suficiente para equilibrar as finanças estaduais. Percebe-se, nessa fase, que a política de Getúlio Vargas foi um dos obstáculos aos objetivos divisionistas. Percebe-se ainda, a formação de novas oligarquias e a Companhia Matte Laranjeira, gradativamente, retira-se dos ervais.
A terceira fase vai de 1945 a 1964. Após a deposição de Getúlio Vargas, o novo Presidente da República é o General Eurico Gaspar Dutra, que era mato-grossense de Cuiabá. Ele adota uma política de redemocratização do país, a qual reforça a política de integração nacional que incentiva a manutenção da unidade estadual. Em 1946, após a promulgação da Constituição, o governo federal extingue o Território de Ponta Porã reintegrando a região ao Estado de Mato Grosso. Apesar dessa política, os divisionistas, durante as reuniões da Assembléia Constituinte, reorganizam-se e tentam a transferência da Capital de Cuiabá para Campo Grande. As iniciativas divisionistas desse período são frustradas, em parte, devido a grande representatividade política dos sul-mato-grossenses nas esferas estadual e federal, e também, por causa da política de integração nacional do governo federal.
Percebe-se que, nesse período, depois de várias reformulações em sua estrutura organizacional, a Companhia Matte Laranjeira mostra desinteresse em reflorestar os ervais, paradoxalmente estimula o governo estadual a regularizar as posses dos colonos.
A Quarta fase é de 1964-1977. O golpe de 31 de Março de 1964 põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Os militares, buscando um maior controle dos problemas da sociedade, adotam a política do desenvolvimento com segurança, o que permitiu a criação de programas que facilitam o desenvolvimento de alguns Estados, entre eles Mato Grosso. Nesse período, os políticos divisionistas aproximam-se dos militares o que lhes permite tomar parte de algumas comissões que estudam (secretamente) as potencialidades políticas que impediam a divisão de Mato Grosso. Após vários estudos, negociações, acordos políticos, o Presidente Ernesto Geisel assina em 11 de Outubro de 1977 a Lei Complementar nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul. Nessa fase, a Companhia Matte Laranjeira mantinha apenas algumas fazendas de gado, o seu principal interesse econômico de outrora, a erva-mate, agora era explorado por ervateiros autônomos.
Em síntese, estudar a História do Movimento divisionista é resgatar a História do Estado de Mato Grosso do Sul, é conhecer a História do Brasil contemporâneo.
Profª. Alisolete Antonia dos Santos Weingärtner.
O território do atual Estado de Mato Grosso do Sul, segundo o Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha e sua exploração foi feita por expedições de aventureiros e pela atuação dos jesuítas.
Através do curso dos Rios Paraguai e do Paraná chegam os espanhóis, procedentes do estuário do Prata, à procura de jazidas minerais; e os bandeirantes, descendo o Rio Tietê, subindo o Rio Grande e rumando pelos Rios Sucuri, Pardo, Verde ou o Ivinhema, em busca de ouro.
Passadas as buscas por ouro, os bandeirantes paulistas fazem incursões com o propósito de capturar índios para vendê-los às lavouras do litoral. Os índios Guaicurus e Paiaguás, habitantes do local, lutam incessantemente para defender suas terras.
Até que uma das expedições de captura descobre ouro. Inicia-se uma nova etapa econômica. O bandeirante paulista passa a se fixar mais à terra, fundando arraiais auríferos e incrementando a atividade mineradora. Inicia-se a corrida do ouro que faz com que o crescimento da região seja rápido e desordenado.
Ergue-se uma pequena capela, a de Nossa Senhora da Penha. Mas os arraiais auríferos começam a se esgotar.
Em 1722, surgem as Lavras do Sutil, nas terras do bandeirante Miguel Sutil, com pepitas do mais puro ouro, provocando nova corrida.
Em 1748 é criada a Capitania de Mato Grosso, com sede em Vila Bela e é incorporada ao Brasil, pelo Tratado de Madri, em 1750.
A Região Centro-Sul do Mato Grosso tem um desenvolvimento socioeconômico diferente da região Norte. Enquanto o sul apresenta uma agricultura mais intensiva, distribuída por um número maior de propriedades, o norte continua com a pecuária extensiva e o latifúndio.
Fluxos migratórios vindos do Sul e Sudeste do País, procuram se estabelecer no sul, criando afinidades políticas com os Estados vizinhos, especialmente São Paulo.
A área começa a ser povoada quando os fortes militares usados na Guerra do Paraguai (1864-1870) transformam-se, após o conflito, em núcleos urbanos, como Dourados, Miranda e Coxim e com a antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.
Surgem idéias separatistas e com a revolução constitucionalista de 1932, essas aspirações fazem o sul aderir à revolta sob a condição de que esta, uma vez vitoriosa, torne realidade a divisão do Estado.
O Norte resiste à idéia temendo o esvaziamento econômico.
A política de interiorização dos anos 40 e 50 beneficiou o Estado e ganha maior vulto com a construção de Brasília no final da década de 50, e da política de integração nacional dos anos 70.
Em 1975 a idéia de separação é intensificada. Em 1977, o Governo Federal divide Mato Grosso em dois Estados e em 1979 transforma-se oficialmente em Estado.
Durante 4 anos foi governado por interventores indicados pelo Presidente da República e a partir de 1982, com o Governador eleito, a industrialização é estimulada através de incentivos governamentais e são atacadas as ameaças ao meio ambiente, especialmente os "coureiros" que caçavam ilegalmente no Pantanal.
Atividade:
(Para ser publicado em seu blog)
• Destaque os pontos relevantes do Movimento divisionista.